O papel do gestor de frotas já não é o mesmo. Atualmente, não basta saber a composição da frota e quanto ela consome mensalmente. É preciso ir além. Cada dia mais estratégico, esse profissional tem sob sua responsabilidade um tema muito importante: a mobilidade. Além do deslocamento de ponto A à B, o Gestor de Mobilidade gere pessoas, custos, demandas e estratégias.
Para sabermos um pouco mais sobre essa mudança de cenário, conversamos com Ricardo Makoto, Diretor Comercial da eFleet Gestão de Frotas e Mobilidade.
Quais as tendências para 2017 em relação à gestão de frotas e mobilidade?
Em 2016 estive na NAFA (maior evento global de gestão de frotas realizado em Austin-Texas) e existe uma tendência mundial muita discutida atualmente no Brasil que refere-se à transição da profissão do “gestor de frotas” para “gestor de mobilidade”. Neste novo e complexo cenário, o profissional substitui atividades operacionais que podem ser automatizadas, por uma gestão estratégica focada na eficiência de custos e na valorização da segurança, possibilitando assim, geração de resultados sustentáveis.
Dentre as importantes atividades deste novo gestor, caberá definir a escolha do melhor modal para determinado tipo de sua operação, dois conceitos atuais muito interessantes, são o carsharing e o veículo elétrico.
No primeiro caso, existe uma grande oportunidade de alavancar a produtividade da frota corporativa ao não estatizar um carro a uma única pessoa e promover o compartilhamento. Não tenho dúvidas que ao analisarem a ociosidade de seus veículos no horário comercial, as rodagens off job (provavelmente não previstas na política de frotas corporativa) e correlacionar o impacto deste alto custo no regime orçamentário, todas empresas promoverão uma mudança cultural.
No segundo, acredito que ainda falta incentivo e apoio de órgãos corporativos e governamentais, para uma possível frota de veículos leves elétricos, reduzindo a emissão de poluentes e o impacto ambiental.
Para completar, além da administração das variáveis de modais já ditos, a mobilidade envolve outro importante agente que estarão sob a responsabilidade deste profissional. As vidas que estarão ao volante a serviço da sua marca, e as que podem por elas, serem impactadas neste crítico e violento trânsito nacional.
Quando consideramos a atuação das pessoas no universo da gestão de frotas, percebemos o quanto a atuação deste gestor se tornou mais vital e complexa ao longo do tempo.
Como você enxerga a responsabilidade do indivíduo em relação a mobilidade dentro da sociedade?
Temos um problema cultural no Brasil, muitas pessoas ainda não entenderam que vivemos em meio a um “inaceitável” cenário de guerra em nossas ruas e precisamos trabalhar com o objetivo de gerar valor social através da promoção da educação no trânsito e estruturar ações de reversão sustentáveis a curto, médio e longo prazo. A rigorosidade nos critérios de condução deve começar nas organizações que possuem grandes frotas, o condutor que se capacitar a dirigir de forma segura, será um multiplicador de boas praticas que influenciarão os demais e assim, estará promovendo a construção do valor social.
Como você observa o movimento das empresas em relação a mobilidade e boas práticas no trânsito?
É natural que num momento de crise econômica, as empresas olhem com mais afinco para dentro de casa e busquem oportunidades, ao fazerem isso notarão que os custos com a gestão de frotas estará entre os 5 maiores orçamentos de sua organização, infelizmente a maior parte delas ainda não deram conta da importância desta gestão
Este cenário vem mudando nos últimos anos nas empresas com frotas corporativas em parcerias com players especializados, estando atentos a este novo mercado e constituindo integrações de serviços. A estruturação de uma frota sustentável, através do investimento em telemetria para gestão de custos e monitoramento comportamental para educação/capacitação dos seus respectivos condutores, afinal são eles que levam o nome da companhia em seus veículos.
E em relação ao cenário da pessoa física, como você acredita que a questão da segurança no trânsito pode ser desenvolvida?
Tudo pode ser desenvolvido, o que faz a diferença é o método. Para o mercado de pessoas físicas, acredito que a tecnologia também tem ajudado muita gente através de aplicativos específicos que direcionam melhores caminhos em meio ao transito intenso, alertam sobre velocidade máxima na via, acidente a frente, buraco na pista e necessidade de acender os faróis.
A crítica com relação a alguns destes aplicativos, deve-se aos proibidos alertas sobre blitz policiais que reduzem a eficiência da auditoria da lei, pois somente com a rigorosidade na aplicação destas os resultados poderão de fato ser eficientes.