Curitiba é mundialmente reconhecida pelos projetos inovadores de mobilidade urbana. Tudo começou em 1974, com os BRTs (Bus Rapid Transit), os primeiros corredores de ônibus expressos que se tornaram modelo de exportação para mais de duzentas cidades, em todo mundo. O sistema integrado de eixos expressos e secundários revolucionou o conceito de mobilidade porque priorizava a circulação de pessoas em lugar de automóveis. O projeto tinha como objetivo conduzir o crescimento urbano. Na época, as faixas atravessavam lugares onde não havia praticamente nada. O objetivo era levar desenvolvimento a essas áreas por um novo modelo de transporte. E deu certo.
Hoje, com mais de 1,7 milhão habitantes, Curitiba é a cidade mais populosa da região Sul e oitava do país. Está em décimo lugar no IDH-M (Índice de Desenvolvimento Urbano Municipal) brasileiro e mantém a vocação pela inovação em mobilidade urbana. Em 2014, a prefeitura lançou a primeira fase do Curitiba EcoElétrico, programa de mobilidade urbana sustentável para implantar modais de nova geração, com baixo impacto ambiental. O objetivo é cumprir a meta de redução de gases tóxicos assinada pela prefeitura durante a 5ª. Reunião da Cúpula do C40, grupo que reúne as maiores cidades do mundo comprometidas em reduzir os efeitos das mudanças climáticas, realizada em fevereiro daquele ano, em Joanesburgo, África do Sul.
O projeto, em parceria com a Itaipu Binacional, o CEIIA (Centro para Excelência e Inovação na Indústria Automóvel) de Portugal e a Aliança Renault-Nissan, incorporou à frota do município dez carros e três micro-ônibus movidos à eletricidade. Trata-se da maior frota de carros elétricos do serviço público do Brasil composta por cinco unidades do modelo Zoe, três unidades do Kangoo ZE e duas do Twizy, além dos micro-ônibus, todos cedidos em comodato pela Renault e Itaipu Binacional.
Os veículos são utilizados pela Guarda Municipal, Setran e Instituto Curitiba de Turismo, e abastecidos por 12 totens, chamados de eletropostos, espalhados pela cidade. Os sistemas contam com cargas de 30 minutos a oito horas. A autonomia varia de acordo com o modelo do veículo.
Na segunda fase do projeto, os eletropostos passam a ser multifuncionais. Neles, será possível agregar em um único equipamento, além da recarga elétrica dos veículos, serviços como recargas de cartão de transporte, parquímetro, botão de emergência, informações turísticas, compartilhamento de bicicletas, wi-fi institucional, entre outros.
O projeto do carro elétrico tem como foco o usuário final. “Queremos incentivar um novo tipo de modal, menos poluente, com menos impacto ambiental e raiz energética baseada na hidreletricidade, que é limpa e renovável”, explica Ivo Reck Neto, coordenador técnico do EcoElétrico.
Ainda assim, o especialista afirma que a é primordial desenvolver políticas públicas para combater o excesso de veículos particulares nas ruas. “Segundo pesquisa do CET, 40% dos veículos que transitam em Curitiba são de uso particular, sendo que desse total 85% é utilizado para deslocamentos entre o local de trabalho e a escola”, afirma. “Por isso, ao lado de inovações em mobilidade sustentável, temos que desenvolver mecanismos de mobilidade compartilhada”.
Para isso, Reck avisa que uma das fases do projeto Eco Elétrico consiste em implantar o compartilhamento de veículos. A previsão é implantar soluções de compartilhamento voltadas para o mercado corporativo e para serviços públicos, em um primeiro momento. “Até 2020, queremos integrar o carro compartilhado aos diferentes modais, a exemplo do acontece em Copenhague”.